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Heróis

  • Foto do escritor: Jornal de Matosinhos
    Jornal de Matosinhos
  • 1 de mai. de 2020
  • 2 min de leitura

VALDEMAR MADUREIRA

Economista

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Os profissionais de saúde têm vindo a ser classificados de heróis, designadamente, por membros do Governo PS, entre eles, e de forma destacada, o Primeiro-Ministro e a Ministra da Saúde. É um elogio merecido a quem sacrifica a própria vida para salvar outras vidas, abdica do convívio familiar para não correr o risco de contagiar os seus familiares, sofre com esse afastamento, vive com intensidade, com a emoção tantas vezes patente, a recuperação ou a morte dos doentes que acompanha. Gente que, frequentemente, nos aparece nas imagens das televisões, exausta mas sem que se deixe vencer pelo cansaço. Gente que já foi contagiada pelo vírus, em número de muitas centenas de casos, mas que não desiste apesar dos perigos comprovados que corre. Heróis hoje, palavras que caem bem em quem as profere mas que procuram apagar tudo o que aconteceu antes. Apagar os cortes financeiros no SNS, a falta de equipamento e de pessoal, as insuficientes remunerações e a não progressão nas carreiras o que levou a que muitas centenas de profissionais tivessem de optar pela emigração, a multiplicação de hospitais privados que sobrevivem com a afectação de 40% das verbas previstas para a saúde, esta a realidade vivida pelos Heróis de hoje, realidade resultante das políticas dos últimos governos. A hipocrisia parece ter tomado conta da política, degradando esta e empobrecendo a ética que lhe deveria estar associada. Este surto epidémico veio comprovar o papel do Serviço Nacional de Saúde como o único e poderoso instrumento para salvaguardar o direito à saúde do Povo Português. Um papel que coloca na ordem do dia o reforço do investimento no SNS no presente e para o futuro, ao mesmo tempo que constitui uma clara condenação da política de subfinanciamento desenvolvida por sucessivos governos. É indispensável que o Governo garanta os meios imprescindíveis para capacitar a resposta clínica que se impõe. É indispensável vencer a dependência externa com a garantia de produção nacional, designadamente de material clínico, medicamentos e equipamentos hospitalares. É face a esta realidade que o PCP sublinha que, no imediato e para o futuro, não podem ser descuradas por parte do Serviço Nacional de Saúde todas as necessidades de saúde das populações. Além disso, o PCP alerta para as manobras em curso que, a pretexto do combate desenvolvido pelo SNS ao surto epidémico, pretendem entregar novas valências, funções e recursos públicos aos grupos privados de saúde, fazendo depender destes, das suas pressões e chantagens, a garantia do direito à saúde. Tal ameaça torna ainda mais urgente o reforço do Serviço Nacional de Saúde, designadamente com a contratação de novos profissionais, a sua valorização remuneratória e das suas carreiras, e assegurando a sua dedicação ao Serviço Nacional de Saúde, bem como em meios, equipamentos e instalações que permitam um salto qualitativo no direito à saúde. Garantir uma resposta segura e capaz por parte do Serviço Nacional de Saúde é o principal factor de confiança para as populações e de combate ao medo e alarmismo utilizados para impor retrocesso económicos, sociais e políticos. O Serviço Nacional de Saúde, incluindo os seus profissionais, precisa de políticas que o defendam e reforcem e não de palavras circunstanciais que o vento logo as leva.

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